sábado, 2 de outubro de 2010

natureza !




A questão ambiental é um tema importante para os dias de hoje e para todo o século que inicia. Um tema que transcende o imediatismo, tanto pelo lado do “ecologismo publicitário”, quanto pelo lado do desenvolvimento economicamente sustentável.

Quero partir de um artigo que me inspirou a repensar a relação entre o homem e a natureza. O texto de Vininha Carvalho, publicado na sessão saúde e bem estar, apresenta aquilo que parece ser o cerne da questão ambiental. Para acessar o artigo: http://www.artigos.com/artigos/educacao/natureza:-descubra-que-voce-faz-parte-dela!-51/artigo/

O título do texto “Natureza, descubra que você faz parte dela!” é mais do que um pedido. Ele é o anúncio de um problema, quase que um chamado de urgência. Não aquela urgência que lota os saguões dos hospitais ou pede que chamemos os policiais ou bombeiros. Mas um outro tipo, que pode soar engraçada a alguns ouvidos desacostumados ou destreinados em ler nas entrelinhas.

Por mais que digam que vivemos em um mundo civilizado, moderno, inovador (aquilo que alguns chamam de “civilização da informação”) e que bárbaros eram nossos antepassados, ainda percebemos que alguma coisa está fora da ordem. Muito tempo se passou desde que nos distanciamos da vida nas cavernas e fomos ocupando as planícies, domesticando o fogo, plantas e animais e aprendemos a subjugar outros seres humanos e explorar o seu trabalho. Milhares de anos nos distanciam daquelas formas “primitivas” de humanidade.

Mas de lá pra cá essa humanidade foi se desenvolvendo, se disseminando. Multiplicou a riqueza de alguns e deixou outros ainda mais pobres. Difundiu muitas informações e mascarou tantas outras. Apoderou-se de novos recursos naturais, desenvolveu tecnologias, formas de organização e de exploração do trabalho. A humanidade criou mecanismos de regulação e desregulamentação, de controle e autocontrole, tudo isso entrecortado por períodos de guerras e tratados de paz, e permeado por um ad eternum uso e abuso da natureza.

Antes de prosseguir neste texto, um aviso: Se ainda não leu o texto de Vininha Carvalho, por favor, faça um favor a você e ao futuro do seu planeta, e leia-o. Pare aqui esta leitura e corra pro texto dela, pois no parágrafo seguinte eu vou ser o estraga-prazer e vou contar o final da história. 

Se você já o leu, ou mesmo sem ter lido deseja saber o final, eu conto. O texto encerra com a seguinte frase: “A partir do momento que o ser humano se conscientizar da importância de suas atitudes em prol do equilíbrio da natureza, estaremos construindo um mundo melhor em perfeita sinergia com o planeta”. 

Esta frase que encerra o texto de Vininha parece simples, mas é bastante complexa. 

As palavras-chave utilizadas (momento, ser humano, conscientização, atitude, sinergia, equilíbrio, natureza, mundo, planeta) expressam de maneira muito exemplar tudo o que o texto quer passar. Vininha, se me permitem uma observação pessoal, com encadeamento das palavras-conceitos e a síntese delas numa só frase merece muitos elogios. Não simplesmente pela síntese que ela fornece, fazendo com que cheguemos ao final do texto com a curiosidade aguçada, mas pela história que a seqüência de conceitos está contando.

A frase parece querer contar uma história: A história resumida da vida na Terra.

Uma história que transcorre num tempo-espaço (MOMENTO) e tem como personagem principal um indivíduo racional e emotivo caracterizado por sua capacidade de organização em sociedade (SER HUMANO). Este ser, que antes era menos consciente de sua responsabilidade acaba tomando conhecimento do seu lugar (CONSCIENTIZAÇÃO) e resolve empenhar uma ação (ATITUDE), a um só tempo, em sintonia (SINERGIA) e de mínimo efeito negativo (EQUILÍBRIO) em relação à disponibilidade de recursos (NATUREZA). Esse indivíduo racional e emotivo passa a transformar os recursos através da apropriação, produção e reprodução. Ele dá forma e retro-alimenta um sistema (MUNDO), sistema que ocupa e se alastra por todo o corpo celeste que habita (PLANETA).

Por enquanto é o único Planeta que podemos habitar e devemos ter consciência que somo parte dele. Não devemos ter resistência em assumir nossa parcela de culpa e também nossa importante responsabilidade para o futuro. A tarefa colocada é de reformularmos nossa relação com a natureza e entre nós seres humanos. 

Nas palavras de Vininha Carvalho: “Quem não se preocupa em preservar a natureza é porque tem medo de assumir o seu papel dentro dela.” E isso é bastante grave. Mesmo que o sistema capitalista e o ser humano tentem avançar por outras fronteiras através do espaço sideral, esta ainda é a nossa única casa. Esta é nossa única Terra, nossa única Gaia, tão forte e sólida por dentro, mas tão frágil por fora.


   autor : Ricardo S. Dagnino é geógrafo formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestre em Geografia e doutorando em Demografia pela Universidade Estadual de Campinas. E-mail: ricardosdag@gmail.com Website: http://www.profissaogeografo.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário